Neste sábado (09), Pitty chega com o show de SETEVIDAS, seu celebrado novo álbum, ao Audio Club, em São Paulo. Depois de cinco anos longe da banda que a catapultou para o sucesso, a cantora usou o retorno ao rock como terapia depois de anos difíceis, em que sofreu problemas de saúde e perdeu Peu, seu antigo guitarrista e amigo, que cometeu suicídio.

Em entrevista para o Virgula Música, Pitty comentou sobre o processo do álbum, o significado de algumas músicas, religião e protestos. Leia:

Virgula Música – Você enfrentou muitas situações difíceis demais no ano passado. Como você conseguiu passar por elas? A arte te ajudou de alguma forma?  

Pitty: Passei por vários estágios. Primeiro veio a deprê e a apatia. Depois a raiva, a frustração, a impotência, até que finalmente entendi que já que não se tem controle sobre nada, usei tudo como escada e aprendizado. E aí fui escrever e fazer música, e sim, a arte foi fundamental nesse processo de cura.

SETEVIDAS, musicalmente, tem uma forma bem crua. O que te levou a buscar esse resultado? E como você conseguiu alcançá-lo, quem foi essencial para te ajudar no processo?

Acho que a gravação ao vivo foi fundamental para esse resultado, e o fato de a gente timbrar as coisas dessa forma, buscando uma sonoridade mais orgânica e analógica, menos digital. Todos fizeram parte desse processo, especialmente Rafa [Rafael Ramos, produtor do álbum] e Tim Palmer

A faixa “Lado de Lá” é sobre a morte, você já comentou sobre as razões que te levaram a escrevê-la. Como você lida com a morte? Você reflete sobre ela, tem alguma religião?

Reflito, claro. Reflito sobre tudo, na verdade, e esse é um ponto filosófico importante para nós todos. É o grande mistério, é onde se centram tantas religiões e estilos de vida. É o absoluto desconhecido, e isso para o ser humano sempre foi motivo de angústia e busca. Ao longo da vida, acho bacana desmistificar a morte e entendê-la como um processo natural. O sofrimento provocado por qualquer situação é causado pelo modo como se encara; nesse ponto nós, ocidentais, escolhemos sofrer demais. Os orientais têm um entendimento muito mais tranquilo sobre isso. Mas não tenho nenhuma religião. Admiro algumas filosofias, mas quando me deparo com os dogmas me sinto presa, vejo que não faz sentido pra mim.

A música “A Massa” me pareceu uma boa reflexão sobre a situação do povo brasileiro, principalmente levando em consideração os protestos do ano passado. Não sei se você estava pensando justamente sobre isso. O que você acha daquele momento?

Acho que ainda estamos vivenciando o reflexo daquele momento. Estou curiosa para saber como isso vai se refletir nas urnas, por exemplo. Socialmente, acho que foi um passo importante de retomada de autonomia e pensamento. Mas precisa ainda de muita maturidade, para que não se torne tão facilmente massa de manobra como vimos acontecer na fase derradeira das manifestações.

“Serpente” é a música com sonoridade mais leve do álbum, tem uma carga de esperança, uma tranquilidade. É assim que você se sente agora?

Sim. E é por isso que ela é a última do disco, porque é o último capítulo dessa história. Eu tenho gostado da bonança, essa querida estranha.

 

Serviço

Show: Pitty – Lançamento de “SETEVIDAS”

Data: 09 de agosto (sábado)

Horário: 22h

Local: Audio SP (Av. Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca – São Paulo/SP)

Ingressos: R$120 inteira / R$60 meia-entrada

Central de Vendas Ticket 360: 

Por telefone: (11) 2027-0777

Pela Internet: www.ticket360.com.br

Capacidade: 3.000 pessoas

Classificação etária: 18 anos


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Pitty fala de 'Setevidas' e reflete sobre perdas: 'Usei tudo como escada e aprendizado'