O Terno


Créditos: Crédito: Pablo Saborido

“Já fizeram coisa boa no passado e eu misturo como eu quero, com mais tudo o que eu quiser”. É o que canta, na música 66, Tim Bernardes acompanhado de Victor Chaves (bateria) e Guilherme d’Almeida (baixo), amigos que formam a banda O Terno.

Elogiados desde o lançamento do disco 66, em julho de 2012, a banda entrou em um circuito mais alternativo do rock nacional, apresentando-se em diferentes cidades do país. Escalados para o Planeta Terra Festival, seguram a expectativa para tocar no mesmo dia do cantor Beck, da banda Blur e The Roots, principais atrações do evento.

Antes dessa experiência em um grande festival, O Terno faz show neste sábado (24), no Centro Cultural São Paulo.

Influenciados fortemente pelos grupos e timbres dos anos 60, o vocalista Tim Bernardes diz que a intenção não é imitar esse período: “Os anos 60 continuam sendo a base da nossa formação musical, mas não estamos querendo imitar esse período. Nasci em 1991. Quando  busquei sons antigos, fui direto para os anos 60. Pulei os anos 80, 90 e o grunge”, brinca. Leia a entrevista completa com Tim Bernardes.

Ser tão elogiado pela crítica logo no álbum de estreia assustou a banda?

Um ano depois do lançamento de 66, vemos o quanto tudo aconteceu ao mesmo tempo. Por isso, fomos entendendo as consequências aos poucos. Mas é muito legal ter rolado essa boa aceitação da crítica e do público com o CD independente. Acho que ter lançado o clipe de 66 logo depois do CD acabou facilitando e um ajudou o outro. Também ganhamos o Prêmio Multishow em 2012, na categoria melhor clipe do ano e o Aposta MTV, categoria dedicada a bandas novas na premiação da MTV Brasil.

O tipo de som feito pelo Terno chama atenção por ser diferente do que vemos atualmente no rock nacional?

Não é por ser diferente que o nosso som chama atenção ou não. Temos vontade de fazer uma coisa nossa e original, mas que atinja as pessoas. Pensamos em como juntar o “experimentar” com o pop. 66 é uma música com letra longa e um instrumental mais esquisito ainda, tem um clipe com um visual legal, bem maluco, o que acaba atraindo a atenção de pessoas que talvez não a ouvissem. Não adianta fazer um som diferente que não toque as pessoas de alguma forma.

Você acha que está faltando esse tipo de experimentação na música, independente do gênero?

Não, pelo contrário. Principalmente, por causa da internet, sinto que experimentação e sons diferentes estão sendo feitos tanto no Brasil quanto fora do país.

A partir dos anos 80, as gravadoras dominaram o cenário e resolveram que as músicas seriam um produto, o que padronizou para caramba o que estava sendo feito. E acho que nesse período não havia alternativa. Não tinha como sobreviver fora disso nem como mostrar um estilo diferente. Com as facilidades trazidas pela internet e a possibilidade de fazer música em casa, as produções diferentes tendem a voltar. É o que está acontecendo.

O sucessor de 66 está sendo produzido?

Sim. O 66 foi gravado no estúdio de amigos e sem produtor. Um registro da gente tocando ao vivo, porque há muita coisa que podemos gravar em casa sem soar caseiro. Agora estamos começando a produzir as músicas do disco novo e já  tocamos algumas nos shows, como Harmonium e Tic tac. No total, acho que temos umas 20 composições para fazer os arranjos.

As coisas estão diferentes nesse processo, mas os anos 60 continuam a base da nossa formação musical, justamente porque os músicos experimentavam e tentavam caminhos não convencionais. Não estamos querendo imitar esse período. Quando  busquei sons antigos, fui direto para os anos 60. Pulei os anos 80, 90 e o grunge. Acho que o disco novo estará bem misturado, não vai dar para sacar o que é anos 60 e o que é “o hoje em dia”. A previsão é que fique pronto em 2014.

E será lançado em todos os formatos? CD, vinil e digital?

Tem gente que diz que o CD está acabando, mas queremos lançar no formato físico e não só no digital, porque é um jeito de oficializar o nosso trabalho. Não estamos lançando um EP na internet para depois trabalhar em uma agência de publicidade. Faremos o disco independente, daí quando ficar pronto podemos ver se alguma gravadora tem um projeto interessante de distribuição. Seria bacana se as gravadoras tivessem selos menores que fossem ao encontro dos interesses dos artistas. Nos Estados Unidos rola um pouco disso, com a gravadora Sup Pop, por exemplo.

O que te influencia ao escrever as letras das músicas?

Gosto de letras legais. Fico ligado quando há uma letra interessante. Não sou super interessado em literatura ou poesia. As minhas referências para compor vem mais de letras de músicas do que de livros que eu leio. Gosto muito dos Mutantes, acho que eles são importantes para O Terno no sentido de que é uma banda de rock, mas não fechada no gênero e com letras em português. E o Caetano, Gil, o pessoal da Tropicália, com letras bem significativas para mim.

Tenho um filtro meio óbvio, o meu pai, Maurício Pereira, (da banda Os Mulheres Negras, de 1980), por ter várias composições incríveis. Não posso fazer letra meia boca.

Os clipes são importantes para a banda?

Quando fizemos o clipe de 66, não imaginamos se ele iria para TV ou passar na MTV. Mas acho que o  clipe vai bem mais longe do que o CD. Um vídeo de dois minutos fala e mostra a identidade da banda.

 

E qual a expectativa para o show do festival Planeta Terra? 

Desde que lançamos o 66, o repertório dos shows não mudou muito, mas as músicas até parecem soar diferentes por estarmos mais claros da nossa intenção no palco.

Estar entre as bandas do Terra é uma honra. Quero assistir ao show do Beck, Blur e The Roots, que são os principais, mas estou curioso para ver o Palma Violets, que não conheço muito bem.

Sobre o formato, o Terra me pareceu bem equilibrado em bandas nacionais e estrangeiras. Acho que os organizadores dos festivais lidam com um quebra-cabeça para montar a programação. Porém, vejo as bandas nacionais tendo que tocar muito cedo, bem antes do público chegar. Seria legal arrumar um jeito de as pessoas estarem lá para acompanhar tudo, o que deve ser difícil para a organização também.

Serviço:

Dia: 24/08 (sábado)
Horário: 19h
Local: Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso – São Paulo
Telefone: 11 3397-4002
Ingresso: R$20,00 (estudante e idoso meia entrada com apresentação de documento) – retirada de ingressos: na bilheteria, duas horas antes do início do show
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'Pulei o grunge e fui direto para os anos 60', diz vocalista da banda O Terno