Kenza Said/Divulgação Otto

Com um novo disco após cinco anos, Ottomatopeia, o cantor e compositor pernambucano se apresenta no Sesc Pompeia, em São Paulo, neste sábado (5) e domingo.

No disco produzido por Pupillo (Nação Zumbi), fazem participações especiais de Roberta Miranda, Céu, Manoel Cordeiro, Felipe Cordeiro, Andreas Kisser e Zé Renato.

Nós trocamos uma ideia com o Galego, como é chamado entre os amigos, que falou sobre música, política e vários assuntos.

O que está acontecendo de mais novo na música brasileira, na sua opinião?
Otto – Acho que tem muita gente boa . Mas existe uma música mais liberta. Uma geração que tem uma opinião mais livre. Mais aberta e mais lutadora. Acho que quanto mais o país fica, na minha opinião, golpista, mais surge uma galera disposta a expressar sua opinião de maneira livre, e com uma música de qualidade. Gosto de Jonnata Doll e Os Garotos Solventes, As Bahias e a Cozinha Mineira, Johnny Hooker, Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Mallu Magalhães, Silva , Felipe S., gosto de vários artistas desta geração.

Por que o funk e outros gêneros tem conseguido se comunicar mais com a massa que a MPB?
Otto – São tantos os motivos na minha opinião. Sem julgamentos, o funk é música de massa, é povo. Acho bacana. Acho que no sentido óbvio seja isso. O povo tem que cantar e dançar muito pra viver nessa desigualdade. Sempre foi assim. O sertanejo, por exemplo, está híbrido de axe e rock. Ou seja, acaba incorporando outros estilos para agradar mais público. Continua sempre como sempre foi. Ainda bem que ainda sobra pra MPB, o “resto”, que não tá tão entalada em híbridos ou gênero. A MPB continua vivíssima e mãe de todos.

É difícil falar de amor quando a política passa por um momento conturbado? Você teve essa dificuldade pra fazer o disco?
Otto – Acho que no momento do golpe eu realmente fiquei paralisado com a forma bruta do rompimento democrático. Passado o susto eu pude compor. Até porque minha poesia é de sentimentos e menos panfletária. O disco traz esperança no meio dessa tortura e desinformação. Às vezes a arte é chamada pra luta. A minha foi. Hoje eu sei que minha visão de tudo está clara . Eu confio no lugar que estou na história recente do Brasil . A música fala e revoluciona. Sabia que tinha um disco lindo. Cheio de amor e vida.

Que referências entraram no disco com a produção do Pupilo que você nunca tinha conseguido aproveitar ou canalizar anteriormente?
Otto – Acho que minha história se assemelha com a de Pupillo no quesito amadurecimento. A geração nossa está alcançando uma experiência natural dentro da música brasileira. E isso vem refletida nas músicas desse disco. Uma galera de muito peso musical!

SERVIÇO

Otto @ SESC Pompeia (Teatro) Dias 5 e 6 de agosto de 2017. Sábado, às 21h, domingo, às 18h Endereço: Rua Clélia, 93 – Pompeia Teatro *O Teatro do Sesc Pompeia possui duas plateias (lados par e ímpar) e galerias superiores não numeradas. Por motivo de segurança, não é permitida a permanência nas galerias, de menores de 12 anos, mesmo acompanhados dos pais ou responsáveis. Ingressos: R$9 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$15 (credenciado*/usuário inscrito no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$30 (inteira). Venda online a partir de 25 de julho, terça-feira, às 20h. Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 26 de julho, quarta-feira, às 17h30. Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 12 anos. Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93. Não temos estacionamento. Para informações sobre outras programações, acesse o portal sescsp.org.br/pompeia


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'Quanto mais o país fica golpista, mais surge galera disposta a se expressar', diz Otto

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