Charlie Brown Jr.


Créditos: divulgacao

“Sentimos a energia dele ali, ao nosso lado”, afirmou o guitarrista Marcão em entrevista ao Virgula Música, sobre o primeiro show do Charlie Brown Jr., agora renomeado A Banca, sem o vocalista Chorão. A apresentação aconteceu em Lorena, interior de São Paulo, na sexta-feira (04), para 3 mil pessoas e abriu a turnê Chorão Eterno, que vai rodar o Brasil em uma série de homenagens ao falecido frontman.

“O pior momento foi antes de começar o show. Ficamos nervosos, ansiosos e choramos muito. Sempre rolou um ritual antes de cada apresentação e dessa vez o Chorão não estava lá. Eu tinha uma missão clara na mente para aquela noite. Dar o meu melhor por ele, dar meu sangue por ele. Foi inesquecível, o público ficou muito emocionado e todos compartilharam da mesma perda”, conta Marcão.

Para os fãs paulistanos que pretendem participar das homenagens prestadas ao polêmico cantor, a próxima apresentação do grupo A Banca acontece em São Paulo, no dia 19 de maio, durante a 9ª edição da Virada Cultural. A banda se apresenta no palco São João, às 2h. 

ÚLTIMOS MOMENTOS DE CHORÃO

“Acabei de ver mais um cachorro na estrada/Dor de cabeça, garganta ressecada/Sinto saudades da minha família/Mas a vontade de tocar e crescer é mais forte em mim agora”. Quando Chorão compôs a letra de Não Deixe o Mar te Engolir, faixa lançada no álbum Preço Curto… Prazo Longo (1999), não poderia imaginar que o cansaço da estrada poderia culminar em uma nova direção para o Charlie Brown Jr.

Alguns meses antes de falecer, Alexandre Magno Abrão reuniu seus colegas de banda para fazer um desabafo. Na ocasião, o músico confessou estar cansado das rotinas de gravações, viagens e turnês desgastantes. Sugeriu ao seu parceiro de longa data, Champignon, que assumisse os vocais do grupo enquanto tiraria férias e atravessaria “um momento conturbado” pelo qual estava passando. 

“Ele disse que estava cansado. Foi o único que ficou 20 anos com a banda na estrada. Todos os outros integrantes deram um tempo. Decidimos depois dessa reunião tirar uns dois meses de férias para ele descansar e foi nesse meio tempo que tudo aconteceu”, conta o guitarrista. 

Chorão foi encontrado morto no apartamento em que morava, na zona oeste de São Paulo, no dia 6 de março, vítima de uma overdose de cocaína e remédios controlados. O músico deixou uma legião de fãs desolados e surpreendeu seus companheiros com uma morte prematura e inesperada. “É uma missão dar continuidade ao legado que o Chorão deixou. Como sempre aconteceu, ele tinha uma solução para tudo. Dessa vez não foi diferente”, relembra o guitarrista, ao explicar como surgiu a formação de seu novo grupo, A Banca. 

“Ele era Highlander [personagem do filme O Guerreiro Imortal], nunca passou pela minha cabeça que algo do tipo pudesse acontecer. Chorão era um cara muito forte e que outras vezes havia superado grande obstáculos. Ele dizia o tempo todo que as coisas não estavam bem, mas que ele iria deixar isso tudo para trás e dar a volta por cima. Era um cara alto astral e seu melhor remédio era o palco. Mesmo que não estivesse bem, se dedicava ao extremo em cada apresentação e deixava o show renovado”, diz o músico.

Além dos hits colecionados durante os 20 anos de carreira do grupo, a turnê também contará com as inéditas do álbum La Família 013, que Chorão gravou pouco antes de morrer e chega às lojas em 13 de julho. “Ele sempre foi muito autobiográfico em suas composições. Esse disco está muito bacana e tem letras realmente especiais. Apesar de todos os problemas, ele estava em um excelente momento como músico. Tenho certeza de que esse último trabalho vai ajudar muita gente a superar situações difíceis na vida. É muito marcante. Chorão era um gênio e deixou mais uma prova da sua genialidade nesse material”, acredita Marcão.



GAROTA NO BAIXO

Com o título A Banca, que na explicação do grupo é uma expressão da periferia e define um determinado movimento de uma galera, o Charlie Brown vai dar continuidade ao trabalho iniciado há mais de 20 anos. “Estamos trabalhando em estúdio de forma árdua, vamos dar continuidade à missão que temos de expressão através da música. O disco de inéditas tem previsão de lançamento para o começo de 2014”, explica Marcão. 

“Não dava para continuar o Charlie Brown sem o Chorão. Por isso a decisão de trocar o nome, mas isso não quer dizer que vamos mudar nossa sonoridade, nossa forma de tocar. Todos nós estamos compondo, e isso é muito importante. Estamos felizes por essa oportunidade de continuar fazendo o que a gente gosta. Não podemos deixar essa chama apagar, tanto pelos nossos fãs como em respeito a ele”, diz. 

Para assumir os vocais, Champignon deixou o posto de baixista e convidou a santista Lena Papini para a sua vaga. “É muito legal ter uma garota na banda. Ela é uma pessoa muito legal e todos temos uma grande identificação, uma energia bacana. Foi uma química instantânea, no primeiro ensaio percebemos que era a pessoa ideal. É uma baita baixista e não está na banda por ser uma menina, mas sim por tocar muito. Afinal, assumir o posto do Champignon não é pra qualquer um não”, finaliza.  


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'Sentimos a energia dele ali', conta guitarrista do Charlie Brown Jr. após primeiro show sem Chorão