Chemical Brothers no Sónar SP

Gabriel Quintão Chemical Brothers no Sónar SP

Se a eletrônica hoje é um gênero que arrasta multidões, muito disso se deve aos ingleses do Chemical Brothers. Não apenas por trazerem, via cultura do remix, toda a carga genética da música de diferentes épocas e climas, mas também por serem hitmakers capazes de lotar estádios e atrair um público formado inclusive por gente que nem tinha nascido quando Tom Rowlands e Ed Simons começaram seu plano de difundir a eletrônica para as massas, ainda no meio dos anos 90.

No sábado (28), no retorno do festival Sónar ao Brasil, no Espaço das Américas, em São Paulo, coube a eles o papel de atrair gente ao evento – que teve 6,5 mil pessoas presentes, de 8 mil ingressos disponíveis -, e também de trazer o aspecto de inovação, vanguarda e tecnologia, eixos da proposta da matriz do festival em Barcelona.

Chemical Brothers no Sónar SP

Gabriel Quintão Chemical Brothers no Sónar SP

A parceria com o diretor e artista Adam Smith, em um balé de visuais, luzes e som, transmite claramente a mensagem dos irmãos da química: atualizar a psicodelia com base nas paredes de sintetizadores e nas batidas de garage house 4 por 4 e big beats. A fórmula fez a gigantesca caixa preta se transformar em boate, tudo que a gente queria.

Sem o mesmo frenesi causado por hinos como Galvanize, The Test, Music: Response e Block Rockin Beats, a dupla encaixou de modo competente faixas de seu oitavo disco, lançado este ano, o irregular Born In The Echoes. O som pode soar datado em alguns momentos, mas a alquimia funciona, não havia uma única pessoa que conseguisse ficar parada.

Em tempos de DJs de pendrive, Tom e Ed são uma reserva moral. Com a mão nas máquinas, eles fazem a mágica acontecer: aquele momento de transe em que o tempo da música se impõe, o ritmo controla seu corpo e você fecha os olhos para viajar por galáxias distantes sem sair do lugar. Palavra da salvação.


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Ao atualizar psicodelia, irmãos da química ainda fazem efeito