The Baggios

Bruno Montalvão/Divulgação The Baggios

A missão é dura, mas está longe de ser ingrata. No sábado (12), eles abrem o palco Skol, o principal do Lolapalooza, e tocam entre 12h05 a 12h50. “É o maior festival que vamos tocar em todas nossas vidas. É um marco para nossa carreira e ser escalado foi um puta reconhecimento do nosso trabalho”, afirma Júlio Andrade, vocalista e guitarrista da banda sergipana The Baggios.

Mergulhados na música negra, Júlio e o baterista Gabriel Carvalho vão do blues primitivo ao rock, em um caldo que inclui influências regionais e sotaque forte. Formada em 2004, em São Cristóvão, o músico concorda que o tipo de sonoridade que buscam está em alta.

“Fico feliz em ver bandas que bebem da fonte blues rock serem premiados e respeitados dentro de um mercado onde cantores (as) pop predomina. Creio que essa sonoridade tem um espaço na música contemporânea há muitos anos, é um tipo de música que não é datada e nunca será ultrapassada, você consegue encontrar sample de blues em músicas pop, rap, eletrônica etc…e não tem segredo, o grande lance é ter o feeling e saber usar devidamente as referências”, afirma Júlio.

Sobre o horário do show, no mesmo palco em que mais tarde se apresentam Tame Impala e Eminem, ele diz que darão o sangue da mesma maneira. “Desde o inicio da banda, nossa preocupação maior sempre foi que nossa música chegasse aos ouvidos das pessoas como a gente gostaria que chegasse, suja e pesada. Vamos fazer um show com um set que possa resumir nossa trajetória em 45 minutos. Estrearemos músicas novas, convidaremos um terceiro membro para tocar parte do set também, teremos algumas novidades para apresentar. Independente do horário faremos nosso melhor e quem chegar cedo verá uma banda instigada tocando em pleno sol de meio dia”, promete.

Para o músico, se fosse para fazer parceria com alguma atração do festival, eles escolheriam Alabama Shakes ou Vintage Trouble. Já em relação às bandas da atualidade que mais gostam e indicam, ele elege Wolf People, Syd Arthur, Bombino, The Growlers e Buffalo Killers, esta última sua preferida. “Mas sou muito ligado as produções antigas, então sempre me pego ouvindo Santana, Os Ticoãs, Ten Years After, Hendrix, Alceu Valença, Arnaud Rodrigues”, enumera.

Com 12 anos de estrada, Júlio fala também sobre as principais mudanças que sentem no meio da música independente em relação ao início da carreira. “A comunicação e as produções de discos e videos. Com a internet cada vez mais poderosa e as redes sociais sendo uma das principais ferramentas de comunicação, as coisas se tornaram mais praticas para espalhar sua música, fechar shows, buscar referencias. Hoje em dia você consegue produzir um puta disco no seu quarto, ou com um baixo orçamento, isso há 12 anos não seria possível”, argumenta.

O vocalista e guitarrista também dá algumas dicas quentes para quem deseja conhecer outras bandas de Sergipe. “Sergipe tem uma cena firme, apesar de boa parte dos artistas não circularem tanto, eu vejo como uma das cenas mais legais do Brasil mesmo, de verdade! Existem ótimas bandas para todos os gostos musicais, posso citar: Plástico Lunar, Alex Sant’anna, Ato Libertário, Reação, Renegades of Punk, Sandy Alê, Elvis Boamorte, Patricia Polayne, Maria Scombona, Coutto Orchestra…. vixiii, é dificil lembrar todas, mas pode buscar essas sem medo de ser feliz”, afirma.

Mas se você for à cidade histórica de São Cristóvão, só com muita sorte verá a dupla despejar seus decibéis. “São Cristóvão sempre foi uma grande inspiração na música da banda, mas é só isso. Nunca dependemos de tocar na cidade para nos manter ativos, até porque lá não há uma cena de rock e nem lugares para fazer shows. Tocamos lá cinco vezes em quase 12 anos de banda. Acabamos tocando muito mais na capital, Aracaju, onde as shows acontecem e onde há um público maior que consomem esse tipo de música que fazemos”, diz Júlio.

Se você precisava de um motivo para chegar cedo ao Lolla no sábado, ele atende pelo nome de The Baggios.


int(1)

The Baggios no Lollapalooza: "Blues rock nunca será ultrapassado"