Entenda o que é e os cuidados a se tomar com a hérnia de disco

Há pouco dias, o cantor Wesley Safadão teve que ser operado às pressas por causa de uma hérnia de disco – uma lesão que ocorre com mais frequência na região da lombar. Não à toa, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2018, cerca de 5,4 milhões de brasileiros passaram por esse desconforto.

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O artista contou que há quatros anos teve uma crise e travou, mas que dessa vez a dor foi mais intensa, com a perda de sensibilidade nos testículos. A fisioterapeuta Walkyria Fernandes explica que a hérnia é um processo degenerativo e que faz parte do envelhecimento, mas que o sedentarismo é um dos principais fatores de risco. Segundo a especialista, o paciente não deve ignorar os sintomas, pois em alguns casos, se não for tratado, a pessoa pode perder a sensibilidade ou força dos membros inferiores.

“Temos os discos intervertebrais, localizados entre as vértebras, constituídos por um tecido cartilaginoso, que tem como função principal amortecer o movimento. Esse disco é composto por anéis fibrosos, que envolvem o núcleo pulposo, a parte de dentro, que é mole; igualzinho aquele antigo chiclete Bubbaloo. Quando há a ruptura do anel fibroso, o núcleo pulposo vaza, aí damos o nome de hérnia de disco extrusa. Quando essas fibras se rompem completamente, o núcleo pulposo pode migrar para o canal medular, pode acontecer a compressão de alguns nervos e em pouquíssimos casos gerar alteração de sensibilidade na genitália e ter comprometimento motor, que foi o caso do cantor”, explica a fisioterapeuta.

Ainda de acordo com a Dra. Walkyria, quem tem desequilíbrio e fraqueza muscular, e diminuição de mobilidade em uma das partes do corpo, quem trabalha muito tempo sentado ou é sedentário tem grandes chances de desenvolver uma hérnia de disco. “Alguns desses fatores fazem com que a pessoa sobrecarregue, ainda mais, os níveis da coluna vertebral, como a lombar. O aparecimento da hérnia também pode ser por trauma ou acidente, mas não é o mais comum”, afirma ela.

A fisioterapeuta explica que os discos intervertebrais são formados por 80% de água, e quando eles vão perdendo essa água, vão desidratando. Esse processo de degeneração, evolui até formar uma protrusão. “É como se eu pegasse o Babbaloo — que seria o disco intervertebral – e desse uma esmagada nele. No caso do Wesley Safadão, ele tinha uma protrusão discal e isso foi piorando ao longo do tempo, até que desenvolveu a hérnia de disco extrusa, e teve que ser operado. Menos de 5% dos casos, não respondem ao tratamento conservador, e a cirurgia é a solução. No caso do cantor, ele estava com uma crise aguda, ou seja, com dor, travado e evolui para sintomas como não sentir os testículos”, descreve Fernandes.

Walkyria orienta ainda que o tratamento de um paciente com hérnia de disco deve ser feito com um fisioterapeuta, que vai avaliar o que está causando a sobrecarga na coluna. “Usamos as técnicas de fisioterapia manual, organizamos a mobilidade do corpo desse paciente e fazemos exercícios específicos. É preciso entender qual é o tipo de hérnia de disco desse paciente, qual é o padrão que está gerando a posição antálgica, que é a posição que o paciente adota para não sentir dor e corrigir isso. Para que não aconteça novas crises fazemos a manutenção com o fortalecimento da musculatura”, esclarece Fernandes.

Por último, a especialista explica que o tempo de um tratamento conservador, sem cirurgia para um paciente travado, varia, mas a média são de oito semanas. “Já um paciente que fez a cirurgia, vai precisar esperar uns 15 dias para retirar os pontos e aí sim começar a fazer exercícios de exposição gradual, como por exemplo dobrar a coluna pra frente, que é o movimento de flexão ou jogar a coluna para trás, que é o movimento de extensão. E assim começar a ativar a musculatura das costas novamente”, finaliza a fisioterapeuta.

Sobre Walkyria Fernandes

Walkyria Fernandes é graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Paraná) há 18 anos. Tem especialização em ortopedia e traumatologia desportiva, pela Faculdade Evangélica do Paraná. Além disso, conta com uma especialização em osteopatia pela Escuela de Osteopatía de Madrid (EOM) e D.O. reconhecido pela Scientific European Federation of Osteopaths (SEFO). É mestre em Tecnologia em Saúde, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), e fez doutorado sanduíche — parte na UniNove, em São Paulo e parte na Universidade de Sevilla, na Espanha.

A fisioterapeuta clínica ainda é idealizadora do método “Raciocínio Clínico Avançado — RCA 360”, curso on-line que já conta com mais de 5 mil alunos no Brasil e em nove países. Já foi proprietária de uma grande clínica de fisioterapia no estado do Mato Grosso, onde também atuou durante 7 anos como professora de anatomia, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMT), no curso de Medicina.


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