O autor Aguinaldo Silva

Fco. Patrício/Site Aguinaldo Silva Digital/Reprodução O autor Aguinaldo Silva

JEFF BENÍCIO

Dono da personalidade mais interessante (e histriônica) entre os teledramaturgos da Globo, Aguinaldo Silva, 72 anos, aborda em público a própria sexualidade sem autocensura.

No seu perfil no Twitter e em um blog pessoal, ele lança revelações íntimas dignas de personagem de novela em momento de clímax. A mais recente foi contar para seus 660 mil seguidores na rede social que está em abstinência sexual por vontade própria.

Leia mais artigos de Jeff Benício.

Num post feito há poucos dias, Aguinaldo, que é homossexual e foi ativista da causa LGBT muito antes de a sigla ser criada, explicou a situação: “Eu poderia falar, por exemplo, de sexo… Se ainda exercesse o metiê, o que não é mais meu caso. Depois de 50 anos de atividade, a gente descobre que quem já viu uma viu todas e aí dá um enfado, uma preguiça de tirar a roupa de graça…”

Sarcástico, o autor de sucessos como Roque Santeiro (1985) e Vale Tudo (1988) escreveu que se o sexo bater à porta de seu quarto, “eu não deixo que ele entre por menos de 20 mil euros”. Na cotação do dia, quase R$ 82 mil. “Aguinaldo está se sentindo a própria Rainha do Nilo”, diria Crô (Marcelo Serrado), o debochado mordomo de Fina Estampa, trama escrita pelo autor em 2011.

Um dos poucos novelistas que produzem conteúdo próprio na internet, ele é adepto do verbo ‘causar’. Seus posts e tuítes repercutem tanto quanto os enredos dos folhetins que cria. “Tudo vale a pena quando a audiência não é pequena”, explicaria o narcisista blogueiro Téo Pereira, de Império (2014), incontestável alter ego de Aguinaldo Silva.

O novelista lançou em horário nobre outros gays que fizeram sucesso com a tradicional família brasileira. Entre os quais, o diretor de grêmio recreativo Adamastor (Pedro Paulo Rangel) de Pedra Sobre Pedra (1992), o guru Uálber (Diogo Vilela) de Suave Veneno (1999), o carnavalesco Ubiracy (Luiz Henrique Nogueira) de Senhora do Destino (2004) e o cozinheiro Bernardinho (Thiago Mendonça) de Duas Caras (2007).

Apesar da vasta galeria de personagens homossexuais, Silva se mostra conservador numa questão polêmica: “Beijo gay, só lá em casa. Nas minhas novelas, não”. Mas em Império, ele colocou um selinho entre Cláudio (José Mayer) e Leonardo (Klebber Toledo). Pelo visto, Aguinaldo Silva aposentou-se do sexo, mas não abre mão das preliminares. “Ui, ui, ui”, zombaria Téo.

Veja 8 provas de que a Globo está mais "moderninha"

A Globo tem mudado. Isso é fato. Seja por uma   mudança de mentalidade ou simples adaptação ao   novo mundo onde YouTube e Netflix são grandes   jogadores de mídia, o velho
A Globo tem mudado. Isso é fato. Seja por uma mudança de mentalidade ou simples adaptação ao novo mundo onde YouTube e Netflix são grandes jogadores de mídia, o velho "padrão de qualidade" tem cedido em vários segmentos.
Créditos: TV Globo/Divulgação

int(1)

Aguinaldo Silva sobre abstinência sexual: "preguiça de tirar a roupa de graça"