Coletiva de imprensa Bruna Surfistinha


Créditos: gabriel quintão

Narrar a trajetória emocional, sem se preocupar em ser 100% biográfico. Essa foi a intenção, declarada, do diretor Marcus Baldini ao filmar Bruna Surfistinha, que estreia nesta sexta (25) em pelo menos 350 salas de todo o Brasil e com previsão de distribuição internacional.

“Mas em vários momentos a Raquel real e a da ficção se encontram”, destacou o diretor, durante uma coletiva na última terça (22). Tanto que, segundo Deborah Secco, “a Raquel/Bruna e o marido comentaram depois que se reconheceram em várias cenas”. O marido, no caso, é o ex-cliente com quem Raquel Pacheco vive, e que no filme é interpretado por Cássio Gabus Mendes.

E, para contar a história de uma garota de programa, é evidente que muitas cenas de nudez e sexo aparecem na tela. Mas, tanto o diretor quanto a atriz explicam a necessidade desse choque.

“Cada cena tem sua importância para mostrar o momento pelo qual a personagem está passando. Fazer um filme desses sem cenas fortes seria um erro. Tínhamos que mostrar para o espectador as dificuldades da vida dela também. Sempre tive a preocupação de que o filme não parecesse um romance ou apologia à prostituição”, ressalta Deborah.

“Era preciso que as cenas tivessem pertinência suficiente para impactar. A primeira cena de sexo, por exemplo, não mostra quase nada, mas ela agride, incomoda. Cada uma das cenas tem sua função dentro do roteiro”, acrescenta o diretor.

Um fato curioso revelado na entrevista – e com o qual Deborah faz várias piadas – é que, a princípio, Baldini tinha resistência ao nome da atriz. “Era porque ela tem essa imagem sensual e a Bruna, mesmo sendo uma mulher que assumiu o poder através do sexo, sempre foi meio atrapalhada, com uma sensualidade canhestra”, justifica o diretor.

Mas bastou uma visita a casa dela para que ele fosse convencido. “Quando eu cheguei lá, pronto para ter que explicar o roteiro, me surpreendi porque tudo que eu achei que ia ter que falar, ela é que me disse”, lembra. Para Baldini, essa sintonia entre o que ele pretendia fazer e o que ela tinha interpretado no roteiro tornou impossível deixar Deborah de fora. “Eu hoje não consigo nem imaginar outra atriz no papel”, admite.

Na preparação para o papel, Deborah conheceu prostitutas de “todos os níveis”, como ela mesma classifica, desde aquelas que trabalham nas ruas, por muito pouco, até acompanhantes de luxo. Só não teve mesmo contato com a própria Bruna, que conheceu apenas quando já estava gravando. “Eu quis que elas só se conhecessem depois que a Deborah já tivesse construído sua personagem, para que não houvesse influência”, explica Baldini.

Leia também: Em Bruna Surfistinha, a prostituição é que precisa dela, e não o contrário


int(1)

Bruna Surfistinha é uma trajetória emocional e não uma biografia, diz diretor

Sair da versão mobile