Emily Blunt no Festival de Cannes (foto: Getty Images)

Rodrigo Fonseca, de Cannes, especial para o Virgula

Disputado pelas principais grifes de moda da Europa, o rosto da britânica Emily Olivia Leah Blunt – considerada uma das maiores beldades de Hollywood do momento – vai ficar marcado na memória do 68° Festival de Cannes como um símbolo de perseverança na trajetória de uma jovem atriz em busca de reconhecimento. “Não sou do tipo de mulher que aprecia salto alto, mas valorizo minha feminilidade”, disse a atriz de 32 anos, cuja carreira no cinema começou em 2003, numa participação em A Rainha da Era de Bronze.    

Mais associada a filmes românticos como A jovem rainha Vitoria (2009) e a comédias como O Diabo veste Prada (2006), Emily surpreendeu a Croisette ao aparecer na telona do Palais des Festivals sem maquiagem, ferida e despida de um mínimo de vaidade no papel de uma agente do FBI às voltas com a guerra do tráfico em Sicario, exibido na manhã desta terça-feira.

Dirigida pelo canadense Denis Villeneuve (Incêndios), a produção de US$ 32 milhões foi aplaudida com fervor em sua exibição para quase 2.000 jornalistas de diversos países. Em comum, todos eles tinham o apreço pela atuação de Emily que, na vida real, desfila pelo balneário com vestidos sempre curtíssimos, de decotes generosos.

Passados 12 anos de sua estreia, Emily chega a Cannes mais madura, com fome de se firmar pelo vigor dramático e não apenas pelas curvas que fisgam os olhares e as lentes dos paparazzi a cada caminhada dela pela cidade. Seu maior esforço em Sicario foi disfarçar a própria beleza para se encaixar no perfil desencantado com a vida da operativa do FBI Kate Macy, sempre cercada de homens armados.

“O filme acompanha os três piores dias da vida de uma mulher. Não podia aparentar equilíbrio e bem estar. Kate olha à sua volta e apenas vê tristeza”, revela a atriz, que contracena com os premiados Benicio Del Toro e Josh Brolin na trama ambientada no México e embebida a litros de adrenalina.

Os atores Josh Brolin, Emily Blunt e Benicio Del Toro e o diretor Denis Villeneuve na premiere de Sicario, no Festival de Cannes

“Já estou acostumada a ser a única garota em cena em muitos dos filmes que faço. E eu me dou bem nas conversas com os rapazes. Faço amizade fácil. E já havia trabalho com Benicio antes, em “O Lobisomem”. Mas aqui eram apenas homens mesmo e todos armados num contexto duro da realidade”.

Em Sicario, Kate é emprestada para a CIA a fim de continuar sua caça a um barão mexicano da droga; mas, uma vez na nova campanha, ela vai ser apresentada a um agente latino, Alejandro (Benicio), que não respeita convenções da Lei. Para adquirir a destreza física de Kate, Emily teve que encarar uma preparação pesada.

“Conversei com algumas agentes do FBI para entender como elas sentem as agruras do trabalho de investigação e foi importante ver que, ao largo das missões, elas levam uma vida normal, voltando para cuidar de casa, namorando, construindo famílias. A parte dura foi a preparação física, que fiz com agentes da SWAT”, revelou a atriz. Ela conta que nos bastidores de Sicario, mais do que me aperfeiçoar em tiro e luta, teve de aprender as restrições de um mundo regido pela força, que não tem lugar para garotinhas.

Em 2016, ela vai estar ao lado de Charlize Theron e Chris Hemsworth no elenco de The Hunstman, a sequência de Branca de Neve e o Caçador (2012).


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Cannes: Emily Blunt consegue disfarçar sua beleza em papel de agente do FBI