No segundo dia do Festival de Vitória, na terça-feira (29), os curtas de animação e o ceticismo do Brasil de meados dos anos 1980 se destacaram no galpão Estação Porto da capital capixaba.

A programação foi aberta pela manhã no Hotel Senac Ilha do Boi, onde diretores dos filmes exibidos na segunda-feira debateram com um pequeno grupo sobre o que motivou suas obras e as técnicas e dificuldades para transformar ideias em cinema.

Mais tarde, às 14h30, o Teatro do Sesi recebeu a mostra Festivalzinho, de filmes infantis e voltada aos alunos da rede pública de Vitória. Ao todo, até o fim do festival, cerca de 3,5 mil estudantes devem participar do evento.

Em seguida, à 15h, a Mostra Competitiva Nacional de Curtas projetou oito animações: Doutor, Meu Filho é Animador, de Marcos Magalhães; Macacos Me Mordam, de César Maurício e Sávio Leite, com narração inconfundível de Paulo César Pereio; “Menina Lua Menino Lua“, de Almir Correia; O Gigante, de Julio Vanzeler e Luis da Malta Almeida; O Grande Evento, de Thomate; Un Día de Trabajo, de Francisco Rosatelli e Suassuna, a peleja do sonho com a injustiça, de Felipe Gontijo e Osilva.

Narrado por Lirinha (ex-Cordel do Fogo Encantado), o curta sobre Ariano Suassuna impressionou pela qualidade estética e a montagem de ritmo certeiro com imagens reais do autor paraibano.

Depois dos traços animados, o vídeo voltou à tela da sala de cinema improvisada no armazém ao lado do cais da cidade com a Mostra Corsária de cinema experimental, com cinco curtas que exploravam as possibilidades da linguagem cinematográfica.

O experimental deu lugar aos curtas da Mostra Competitiva Nacional às 19h e, às 22h, com atraso de uma hora, começava o filme Depois da Chuva, da Mostra Competitiva Nacional de Longas.

A obra, dos baianos Cláudio Marques e Marília Hughes, retrata a Salvador de 1985, permeada pela repressão da ditadura militar, então ainda recente, e cercada de ceticismo pelo cenário político de eleições indiretas e com a morte do presidente Tancredo Neves.

A política nacional é o pano de fundo, mas também o fio condutor da história de um grupo de adolescentes anarquistas que entra em crise quando um dos integrantes se vê tentado a se candidatar às eleições para o grêmio do colégio.

Apesar de pecar especialmente pelo som, que falha nas interpretações musicais e em falas importantes dos personagens, o filme vale a sessão.

O 20º Festival de Vitória acontece até sábado, 2 de novembro, e todas as atrações são gratuitas.

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Depois da Chuva retrata Brasil cético dos anos 1980 no Festival de Vitória