O cineasta Claudio Assis, que disse ser incapaz de “enganar” no cinema, assegurou nesta sexta-feira que não acredita nos filmes feitos para receber prêmios e que para fazer filmes pessoais se paga um “preço muito alto”.

Assis, diretor de filmes que interpelam o espectador e transitam em espaços incômodos da realidade, assegurou que trabalha em volta de suas próprias ideias e acrescentou que, quando mostra cenas fortes e violentas, é porque fazem parte da vida e não com o objetivo de transgredir.

“Não coloco nudez para impactar, para ser transgressor, a vida tem nudez”, disse Assis durante entrevista coletiva em Fortaleza, onde participa do festival Cine Ceará com o filme Febre do Rato.

O diretor explicou que para seu primeiro filme, Amarelo Manga, passou sete anos “batendo nas portas” e acrescentou que o tipo de cinema que faz tem um custo elevado.

“Fazer o que nós fazemos tem um preço. Pagamos um preço alto por fazermos o que queremos”, precisou.

Assis acrescentou que “só acredita na atitude” de um filme e expressou seu “ódio” em relação às produções que têm como objetivo somar prêmios e agradar.

O cineasta adiantou que seu próximo projeto cinematográfico tem uma temática “forte” e terá violência porque “a vida é assim”. “Eu não sei enganar”, disse.
Um dos atores de Febre do Rato, Matheus Nachtergaele, assegurou que “dentro de um cinema marginal” eles conseguiram “um projeto vitorioso”.

O título do filme é uma expressão popular de Pernambuco, terra de Assis, que reflete um estado de vida descontrolado e é também o nome do tabloide publicado por Zizo, o poeta anarquista que protagoniza o filme, interpretado por Irandhir Santos.

Rodada em preto e branco em 35 milímetros, a história se constrói ao redor de uma bela e cuidadíssima imagem vestida de poesia no universo libertário e marginal de seus personagens.


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Diretor de Amarelo Manga diz que para fazer cinema pessoal se paga um "preço muito alto"