Com o discurso de que um filme não precisa ganhar prêmio para fazer sucesso, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar retornou neste sábado (17).

Depois de apresentar, há três anos, o filme A Pele Que Habito, Almodóvar e seu irmão Agustín retornam a Cannes como produtores de Relatos Selvagens, um filme repleto de rostos conhecidos, como Ricardo Darín, Leonardo Sbaraglia e Dario Grandinetti, e que foi recebido com muitos risos e aplausos.

De acordo com Almodóvar, trata-se de uma comédia negra e selvagem, fatores que, segundo ele, foram determinantes para decidir entrar no projeto ao lado de irmão.

“O que me seduziu foi justamente a parte que está no título, a parte mais selvagem”, explicou Almodóvar após a exibição oficial do filme em breves declarações à imprensa.

Em suas declarações, ele também se referiu ao episódio protagonizado por Darín — o filme é formado por seis histórias independentes —, no qual o ator argentino se enche de ira ao ver que um guincho leva injustamente seu carro por estar mal estacionado.

“Eu não acho que isso deva ser justificado em uma comparação com a realidade, com a realidade social na qual vivemos. Certamente, todo mundo faria algo como Darín contra a burocracia à qual somos submetidos”, afirmou Almodóvar.

Além disso, o espanhol qualificou de “libertador” que alguém exploda diante de uma situação limite em seu cotidiano, “principalmente porque isto é um filme, uma ficção, e a violência é um dos grandes temas cinematográficos”, apontou.

Desta forma, o cineasta espanhol declarou ter gostado muito da forma cômica com a qual Szifrón aborda a violência, como essas explosões de cidadãos normais perante a situações limite.

“Isso é o que nos seduziu. É um filme muito divertido”, apontou o diretor, que, apesar de ter gostado do filme, não acredita que o mesmo levará algum prêmio dentro da seção oficial de Cannes.

“No entanto, eu acho que o filme vai ser muito bem impulsionado para o restante dos mercados e eu acho que as pessoas vão gostar muito”, afirmou.

“O fato de estar em Cannes e competindo já vai fazer com que ele apareça em todos os veículos de imprensa e mercados cinematográficos”, disse Almodóvar, que completou: “Eu sempre sou partidário de não se deve pensar em ganhar prêmios (…). É mais saudável”.

Em relação ao seu papel no filme, Almodóvar se denominou um “padrinho na sombra” que só aparece nos “momentos capitais”.

“Vi ‘Tiempo de Valientes’ — lançado em 2005 por Szifrón — e o recomendei a meu irmão. Ficamos encantando e decidimos que queríamos trabalhar com ele”, revelou o cineasta espanhol.

Quando receberam o roteiro, Almodóvar e Agustín foram os primeiros a lê-lo, logo consideraram que tinham que ser eles a produzir o filme do diretor argentino, uma espécie de pupilo do espanhol, embora o mesmo não goste dessa relação.

“O que vale ser ressaltado é que foi um orgulho ter participado de um filme que gostei muito de como foi crescendo, desde a ideia inicial até a montagem final”, disse.

Além de ter assinado a produção, Almodóvar fez questão de ressaltar que também gostou do filme como “espectador”, mesmo a trama não ser muito próxima ao seu estilo. “Ele é um cineasta original, mas nos identificamos em muitas coisas. Seu humor me diverte muito”, completou o espanhol.


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Filme ‘não precisa de prêmio’ para dar certo, diz Almodóvar, em Cannes