A Rede Social, que trata da criação do Facebook, é para muitos o filme favorito na corrida pelo Oscar, mas Hollywood, indústria que nunca escondeu seu afeto pelos britânicos, já indica um provável duelo com O Discurso do Rei, um retrato do monarca George VI.

As associações de críticos dos Estados Unidos falaram primeiro. Para elas, A Rede Social, dirigido por David Fincher e com Jesse Eisenberg, Andrew Garfield e Justin Timberlake no elenco, era uma obra de referência, “o filme do ano, que também define brilhantemente a década”, nas palavras de Peter Travers, crítico da revista Rolling Stone.

Depois chegou o Globo de Ouro, a antessala do Oscar, e aí o favoritismo pendeu para O Discurso do Rei, de Tom Hooper, com Colin Firth, Helena Bonham Carter e Geoffrey Rush como protagonistas.

O filme, que narra a peculiar relação entre o rei George VI (Firth) e o logopedista (profissional que trata de distúrbios da fala, Rush) que o ajudou a superar a gagueira para se transformar no líder que o Reino Unido precisava às vésperas da Segunda Guerra Mundial, foi indicado para sete prêmios, contra seis do rival A Rede Social. A queda-de-braço entre a modernidade e a História era selada.

“Parece que temos como companhia filmes que tratam de temas contemporâneos vibrantes”, disse Rush à revista The Hollywood Reporter, em alusão à obra sobre o Facebook e às demais produções que concorrem a Melhor Filme: Cisne Negro, de Darren Aronofsky; O Vencedor, de David O. Russell, e A Origem, de Christopher Nolan.

O Vencedor se igualou a O Discurso do Rei no número de indicações aos prêmios do Sindicato de Atores dos EUA. “Esta indicação em particular significa mais para mim do que a do Globo de Ouro, porque vem de gente que quero que me aprove: outros atores”, afirmou Helena Bonham Carter.

Não há dúvida de que os membros da Academia de Hollywood sentem uma particular atração pelos britânicos, como pode ser demonstrado pelas estatuetas entregues nos últimos cinco anos a Daniel Day-Lewis (Sangue Negro), Kate Winslet (O Leitor), Helen Mirren (A Rainha), Tilda Swinton (Conduta de Risco), Rachel Weisz (O Jardineiro Fiel) e Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário?).

Este último conseguiu em 2008 oito estatuetas, o que fez com que o então primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, qualificasse a cerimônia como uma “grande noite” para o Reino Unido.

Nos últimos anos, também conseguiram indicações ao Oscar como Melhor Filme as produções britânicas (ou com financiamento britânico) Educação, O Leitor, A Rainha e Assassinato em Gosford Park, além do êxito fulgurante de Shakespeare Apaixonado na edição de 1999, com sete prêmios da Academia de Hollywood.

As incógnitas serão desfeitas quando forem anunciados os vencedores do Oscar no dia 14 de janeiro, e se comprovará então se a fascinação dos acadêmicos americanos pela monarquia anglo-saxônica continua vigente.

Em 1999, Elizabeth recebeu sete indicações, enquanto Charles Laughton ganhou o Oscar por seu trabalho em Os Amores de Henrique VIII, e Kenneth Brannagh e Nigel Howthorne conseguiram candidaturas por seus retratos em Henrique V e As Loucuras do Rei George, respectivamente.

Entre as apostas, Colin Firth já é favorito para o Oscar de Melhor Ator por O Discurso do Rei. Algumas tradições se mantêm em pleno século XXI.


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O Discurso do Rei marca a irresistível afeição de Hollywood pelos britânicos