Sexta temporada de Mad Men


Créditos: divulgacao

ATENÇÃO: o texto abaixo contém spoilers. Caso não queira saber o que acontece na série, não prossiga. 

Com uma estreia morna, o primeiro episódio da sétima – e última – temporada da série Mad Men foi ao ar neste domingo (13) na emissora norte-americana AMC. Dirigido por Scott Hornbacher e com roteiro de Matthew Weiner, o capítulo, intitulado Time Zones (Fusos Horários) brincou com os paralelos entre o que acontece em Los Angeles – cidade-sede de uma novo escritório da agência de publicidade Sterling Cooper Draper Price – e Nova York, onde sua sede original, e seus personagens, ficaram.

Mas o grande paralelo da série, que levou sete temporadas para ser revelado, é entre Peggy (Elisabeth Moss) e Don Draper (Jon Hamm). Ela começou como secretária de Don e ascendeu a seu posto de diretor de criação da agência e, agora, sofre com o isolamento pessoal criado pelo cargo e pelo excesso de trabalho.

Em uma cena emblemática, logo no fim do capítulo, Peggy tenta convencer um encanador a lhe fazer companhia por uma noite – ao receber a negativa, cai no choro. Já Don, que segundo o criador do programa, irá enfrentar as consequências de seus segredos e desvios de caráter no passado, tenta consertar o casamento em crise e recuperar seu emprego, do qual foi afastado à força no fim da sexta temporada.

Bem acertado foi o monólogo de abertura, no qual Freddie Rumsen narra um texto ensaiado sobre relógios Accutron – mas parece estar falando sobre muito mais do que isso. “Você está pronto? Eu preciso que você preste atenção. Este é o começo de algo”, diz, olhando para a lente da câmera e os olhos do espectador. Certos personagens, por outro lado, desapareceram completamente no primeiro episódio. A família de Don Draper não é sequer citada, nem mesmo Betty, sua ex-mulher.

Mudanças culturais foram mostradas de forma sutil, mas chamaram a atenção do espectador mais atento. Apenas um cigarro é acendido ao longo de 45 minutos, o que chega a causar estranhamento, dado o excesso de fumo das primeiras temporadas. Pouco se bebe, também. A chegada aos anos 1970 mostra uma mudança de cultura e de figurino, com o elegante Don começando a parecer antiquado em meio a figurantes hippies. Joan Holloway (Christina Hendricks) segue enfrentando o machismo latente da cultura norte-americana, sem perceber que ele não é o mesmo dos anos 1950.

No todo, foi um episódio despido de conflitos, especialmente porque (quase) todos os personagen parecem estar fugindo deles. Seja com uma atitude confusa no trabalho, como Peggy, seja pulando de um fuso horário ao outro, como Don.

Numa das últimas cenas do episódio, Draper refuta uma possível amante e termina sozinho em seu apartamento em Nova York, no frio de sua varanda que não fecha. Do outro lado da cidade, Peggy chora sozinha e rejeitada. Como o inverno de Nova York que se recusa a ir embora, ou a solidão que abraça Peggy por mais que ela tente evitá-la, a última temporada de Mad Men não poupará seus personagens dos próprios demônios. Já era hora.


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Opinião: estreia morna de Mad Men não surpreende, mas mantém qualidade excepcional