Castigada pela pirataria, pela concorrência de outros formatos de entretenimento e diante da necessidade de pagar suas multimilionárias faturas, Hollywood começa a apostar no conceito de entradas a US$ 50, uma experiência iniciada na semana passada pela Paramount, para conseguir arrecadar mais em troca de um punhado de brindes.


O estúdio foi o primeiro a oferecer ao público os chamados Mega Tickets, cujo nome faz jus ao seu elevado preço, quase cinco vezes acima de uma entrada convencional, como parte de uma promoção ligada a sua próxima superprodução, Guerra Mundial Z, protagonizada por Brad Pitt.

Além de um lugar em uma pré-estreia espacial, prevista para 19 de junho, dois dias antes de sua estreia oficial nos Estados Unidos, o comprador também tem direito a um óculos 3D customizado e uma autorização para fazer o download do filme ou assisti-lo em streaming quando o mesmo estiver disponível.

O pacote promocional também inclui outros tipos de brindes – como pôster, sempre que houver disponibilidade -, e um pacote de pipoca pequeno. Detalhe: o refrigerante não está incluído nesta promoção.

A campanha dos Mega Tickets, cujo valor real estimado pelo estúdio supera os US$ 75, foi lançado somente nas cidades de Atlanta, Houston, Los Angeles, Filadélfia e San Diego, com a colaboração das salas Regal Entertainment e do portal de internet Fandango.

Se essa ideia se consolidar, a Paramount teria descoberto um novo nicho de venda de ingressos nos EUA com grande potencial para Hollywood, que, por sinal, deixou de produzir filmes com orçamentos exorbitantes nos últimos tempos convencida de que a espetacularização é sua melhor ferramenta para atrair espectadores.

Os US$ 200 milhões de orçamento de Titanic (1997), que até então era uma raridade, passaram a ser um valor habitual e, em muitos casos, superados, como em Avatar, Homem-Aranha e Piratas do Caribe, além de alguns fracassos, caso de John Carter – Entre Dois Mundos, Battleship – A Batalha dos Mares e Lanterna Verde, entre outros.

Ao investir mais em cada projeto, os estúdios expõem mais sua estabilidade financeira e se arriscam a entrar em crise caso os números investidos não alcancem as expectativas de suas grandes apostas.

Na semana passada, em Los Angeles, os cineastas Steven Spielberg e George Lucas alertaram sobre essa moda das superproduções em que a indústria se encontra imersa, uma bolha que, segundo o diretor de Tubarão, poderá explodir a qualquer momento.

“Cedo ou tarde haverá um grande colapso”, assegurou Spielberg que previu uma nova mudança de paradigma no setor quando essas megaproduções se estatelarem contra o solo devido a sua baixa arrecadação.

George Lucas, por sua vez, se arriscou a prever que no futuro haverá “menos salas de cinema”, que serão “maiores e com mais coisas”, enquanto os espectadores passarão a pagar mais caro pelo ingresso, algo em torno de US$ 50 e US$ 150.

“O ingresso do cinema será algo caro, assim como os espetáculos da Broadway ou um jogo de futebol”, comentou o criador de Guerra nas Estrelas, que não fez mais do que antecipar os planos da Paramount.

Atualmente, nos EUA, as salas de cinema já oferecem atendimento exclusivo, assentos reclináveis e, até mesmo, a possibilidade de jantar com serviço de garçom durante as estreias por um preço de US$ 20, sem incluir o valor da refeição.

Neste contexto, a Paramount passa a apostar em algo que já é oferecido gratuitamente aos jornalistas, profissionais do setor e, inclusive, ao público em geral, que, ao menos em cidades como Los Angeles, pode ter acesso aos filmes antes de sua estreia oficial através de concursos e convites especiais, como os Mega Tickets.


int(1)

Paramount lança projeto de cinema a US$ 50 para tentar salvar Hollywood